Em meio aos caos que está meu apartamento, me pego a olhar minhas lembranças, livros enterrados em caixas empoeiradas, fotos sujas, notas que sinceramente nem eu tinha noção de tirar, uma vida que depois de certa idade desapareceu, e percebi ao lado do meu criado mudo, outra caixa, desgastada nas pontas, talvez pela preguiça que me da ao limpar a casa e não querer ergue-las, dentro dela avia cartas, milhares de cartas, enviada e simplesmente escritas, onde eu muito ingênua contava o qual estava feliz por receber uma Barbie nova, ou pelo fato de eu ter andado de mãos dadas com meu namoradinho de escola, e percebi o quando eu era fútil, de pensar que coisas com aquelas me trariam a felicidade eterna.

Em uma dessas cartas estava direcionada a um lugar onde não conseguia enxergar onde, pela idade da folha, nela algo me chamou a atenção, não o excesso de glitter rosa espalhado por toda a pagina, mas pelas singelas palavras, direcionadas a uma amiga que fiz no cursinho de inglês, onde logo após nosso recente começo de amizade ela se mudou para outro país. estava escrito assim:

              “Cara Josephine...

                     Estou morrendo de saudades suas, não vejo a hora de ver você de novo

                     Minha Mãe disse que quando eu for maior de idade, posso visitá-la, não sei

                     Ao certo quando é a maior idade, talvez seja quando eu completar 100 anos,

                     A Tataravó da minha amiga Elisa tem 101 anos, ela é muito velha, nem sei se

                     Conseguirei andar, então se estiver em condições melhores do que as minhas

                     Daqui á 91 anos venha me ver, não sei se agüentarei de tanta ansiedade de   

                     Mostrar s bonecas que ganhei no meu aniversario de nove anos.

                                                                                            “Beijos de sua Querida amiga...”

 Entreguei ao meu pai esta carta para que ele colocasse no correio, esperei a resposta de Josephine por dois anos, assim que completei 11 anos, não falei mais nela, estava decidida a odia-lá para o resto de meus dias, mas em uma faxina de Primavera descobri, que aquela que seria uma carta de afeto que havia demorada cerca de 1 hora para decorá-la, não haveria saído do interior de minha casa.

Achei também seis cartas, que eram para ter sido enviadas a minha mãe anunciando que eu deixara a faculdade de Administração, que meus pais tanto almejaram para mim, para seguir minha careira de escritora, onde começava a escrevê-las, mas logo parava por falta de palavras e coragem de contar que deixaria um sonho que meus pais sempre tiveram pra mim, para viver uma aventura, que já não era mais de adolescentes, ate que desisti de tentar me explicar, e acabei provocando uma grande confusão.       

                                

Realmente desisto, desisto de tentar entender porque a sociedade não entende minhas escolhas, e realmente desisto de pensar em como eu desisti da minha vida por coisas banais, de como meus pais sempre tiveram uma grande intervenção na minha vida, de como deixar de me relacionar com as pessoas por que me achava pequena de mais nesse mundo, que ate anos atrás era tão grande a meu ver, e que sinceramente desisto de entender em como as pessoas deixa m de viver suas vidas para viver a vida dos outros, desisto de esperar que o meu amor “para sempre” Cheguei, e de tanto desistir, encontrei algo para eu realmente insistir, A MINHA VIDA.